Aos 10 anos você foge. Corre feito louco dentro da sala de aula porque uma menina quer sentar do seu lado. Ela vem atrás e você não para. Você é tão inocente que nem se pergunta por que está fugindo.
Aos 12 você procura. Talvez respondendo a um chamado da natureza. Ou por convenção social do seu grupo de amigos. Você nunca vai saber. Só sabe que aconteceu. Por duas vezes. Você foi atrás. Ninguém fugiu.
Aos 15 você encontra. Você ama. Acha que não tem mais vida além dessa vida de amor. Você fica feliz. Encantado. Cego. Alienado. Passivo. Obediente. Aí você acorda. Se sente preso. Sente medo de sair. Mas se sente preso. Você finalmente sai. Você só quer liberdade pra vida. A mesma que você achava que não existia.
Aos 17 você encontra de novo. Ama de novo. Se encanta de novo. Mas não fica cego. Se respeita de antemão. Sabe que uma vida não pode se sobrepor à outra. Sabe que as vezes as coisas se adiantam. Sabe que amores serão sempre amáveis. Sabe que o agora não convém. Que saudade insaciável é masoquismo. Masoquismo para os dois. E que um dia talvez haja conciliação. Um dia. Chamam isso de maturidade. Prefiro pensar que você só está fazendo o que acha certo.
Aos 18 você ainda ama. Mas releva. Liberta. Vive.
Amores serão sempre amáveis.
Você ainda está na aurora da vida.
Aurora para os dois.